terça-feira, 3 de julho de 2012

O que é dança contemporânea?


A maioria de nós consegue imaginar um bailarino de sapatilhas de ponta fazendo uma pirueta quando se fala em balé clássico, ou uma dançarina com uma sombrinha na mão realizando passos com a ponta do pé e o calcanhar quando o assunto é o frevo, por exemplo. Mas, quando se trata de dança contemporânea, a referência não aparece assim tão fácil. Pode ser que alguém tenha pensado num espetáculo do Grupo Corpo ou da Quasar Companhia de Dança, duas referências de dança contemporânea no Brasil. Mesmo assim, pode acontecer de você assistir a um espetáculo de cada uma dessas companhias e não ver sequer um passo comum. É que a dança contemporânea não é uma escola ou uma técnica específica, e sim um modo de pensar a dança que passou a ser desenvolvido em todo o mundo a partir da década de 70, depois de a dança moderna dar o pontapé inicial na quebra da hegemonia do balé clássico.

Ficou difícil? Pense na arte contemporânea como um todo. Hoje, é possível que você vá a uma peça de teatro em que os atores não tenham fala, a uma exposição em que os quadros não reproduzam a realidade. A dança contemporânea faz parte das artes contemporâneas, e todas essas artes se dedicam a falar das questões complexas e cheias de nuances de nosso tempo. Família, antigamente, era mãe, pai e filho. Hoje é o pai que casou com a mãe que tem filho de outro. A dança contemporânea se dedica a falar das relações humanas, num mundo onde existe aids, casamentos que não duram a vida inteira, muita miséria e violência, afirma a crítica de dança Helena Katz.

O fato é que o mundo de hoje não é mais o mesmo de antigamente, as coisas mudaram. E a arte acompanhou essas transformações. Por isso, a dança teve que procurar novas abordagens. E de onde poderia partir essa dança que pretende falar das relações humanas senão do próprio homem? A dança contemporânea nos propõe uma investigação de nós mesmos através do corpo, nos convida a vasculhar cada detalhe para descobrir movimentos que expressem nossas emoções, dúvidas e pensamentos. E nos lança a questão: por que não encarar o corpo como uma forma de existir e de fazer trocas com o mundo? Assim, mesmo quem não pretende ser bailarino pode praticar aulas de dança contemporânea como uma forma de autoconhecimento.

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